Liu se Junta ao Grupo Gambiarra

Em 1989, ainda junto ao Gambiarra, Liu Arruda participou da peça As Dondocas da República das Flores, texto de Marilza Ribeiro e direção de Chico Amorim. O espetáculos ficou em cartaz no Teatro Universitário da antiga Escola Técnica Federal, hoje Instituto Técnico Federal de Mato Grosso (IFMT), uma das poucas incursões do grupo pelos palcos. A peça se insere na categoria de teatro popular e o elenco era formado por Claudete Jaudy, Ivan Belém, Liu Arruda, Mara Ferraz, Meire Pedroso, Roberto Villas-Boas, Toty Martins e a participação especial de Raony Ricci, filho de Meire. A peça foi a mais cara de toda a história da equipe, já que a montagem, cenário e figurinos consumiram 10 mil cruzados na época.
A trama se passa mais ou menos na década de 50 e gira em torno de duas dondocas famosas, donas dos principais bordéis da cidade – Flor de Maçã e Flor de Tarumã –, onde coronéis e políticos se encontram e muita confusão acontece. Na ação, Liu representava o papel de Manduca Clarinete, um violeiro e boêmio incorrigível, namorado da Vivi, personagem vivida por Meire Pedroso. O ator também encena Argemiro Paixão, um deputado um tanto mau caráter da União Democrática Nacional (UDN).
Junto de Chico Amorim, Liu focou seu trabalho na política. A peça Cidade Pedra Lascada marca o encontro com o diretor. Assim, dondocas e políticos passaram a ser matéria prima dessa parceria. Foi a partir daí que surgiu a personagem mais famosa de sua carreira: a Comadre Nhara.

 Dama da sociedade, Nhara era a típica cuiabana sem papas na língua e seu alvo eram os políticos do Estado e suas respectivas esposas. Junto a Chico Amorim, o ator deu vida a uma família imaginária onde, além de Nhara, participavam seu esposo Compadre Juca e os filhos Ramona e Gladstone.

 
Nhara e as demais personagens de Liu Arruda esbanjavam humor e senso crítico do linguajar cuiabano e comportamentos regionais. Elas surgiram em uma época em que o fluxo migratório era intenso no Estado e esses novos moradores criticavam os hábitos e costumes da população mato-grossense. Percebendo a situação, Liu resolveu dar vida a personagens populares, valorizando as características do seu povo, principalmente o sotaque e tentando fazer com que a população se orgulhasse das suas raízes.

As produções com Chico Amorim eram sempre rápidas, já que em algumas ocasiões 10 dias eram suficientes para a montagem de um espetáculo. Primeiro eram escolhidos algumas personagens e os principais acontecimentos, depois eram montados os quadros. Amorim foi responsável por algumas mudanças na galeria de personagens do Liu.

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Espia aí, Liu Arruda - O Objetivo deste Blog é compartilhar com os profissionais da área e demais curiosos sobre a vida e obra de Elonil Arruda, mais conhecido como Liu Arruda. Por ser nosso produto de Monografia (TCC I) no qual obtivemos depoimentos de pessoas que conviveram diretamente com o nosso objeto de estudo. Cuiabá-MT,2010