O Humor Dá o Ar Da Graça










Ao longo de 25 anos de carreira, Liu Arruda encenava textos que satirizavam a sociedade cuiabana, criticando os encaminhamentos sociais e políticos da cidade por meio das 40 personagens que interpretou. Certamente, foi o artista mato-grossense mais popular desde a década de 80. Sua irreverência, característica marcante do ator, fez com que ele fosse unanimidade em todas as classes durante o seu período de atuação como artista.
O primeiro contato com o teatro foi em 1968, no colégio Salesiano São Gonçalo, época em que era aluno da instituição. Na ocasião, fez a dublagem de Balada Para um Louco, versão de Moacir Franco para a música de Astor Piazzola. Nos anos 70, fez parte do Pequenos Gigantes, grupo de teatro amador bancado pelo Serviço Social da Indústria (SESI), onde conheceu Ivan Belém, que posteriormente tornou-se amigo e parceiro profissional de Liu. Com o grupo, atuou em diversas apresentações em escolas da Capital, entre elas As Monerinhas.
A paixão pelo teatro de rua surgiu quando participou de uma oficina teatral com Amir Haddad – famoso dramaturgo brasileiro –, durante o tempo que fazia faculdade no Rio de Janeiro. Nos anos 80, Liu fazia teatro de rua e um dos palcos era o terminal de ônibus do bairro CPA 1, em Cuiabá. O ator costumava fazer duras críticas sobre políticos que atuavam na época. Segundo a irmã de Liu, Cleuza de Arruda, o irmão chegou a levar uma surra por falar demais. Ele apanhou tanto que teve que ficar escondido em uma chácara até a poeira baixar, disse.  
O artista se juntou ao Grupo Gambiarra em 1986, onde trabalhou com os atores mato-grossenses Claudete Jaudy, Ivan Belém, Mara Ferraz, Meire Pedroso, Roberto Vilas-Boas, Toty Martins, entre outros. O grupo encarava a rua como espaço cênico possível, realizando intervenções nas ruas, praças, bares e em movimentos de interesse popular, na tentativa de transformar o espaço cotidiano em espaço poético, em busca de contestação e perturbação coletivas. Por meio de espetáculos populares, o Gambiarra acreditava que tinha a função de ampliar o seu espaço de atuação, já que para os seus componentes, o teatro deve contribuir para a superação da marginalidade e não para a sua consolidação.
O primeiro trabalho no grupo foi a peça Avoar, um espetáculo infantil dirigido pelo próprio Liu e escrita por Wladimir Capella. A peça fazia parte do projeto A Escola Vai ao Teatro, promovido pela Casa da Cultura e Prefeitura de Cuiabá, com o apoio da Coordenação de Cultura do Teatro Universitário. No elenco estavam Claudete Jaudy, Ivan Belém, Mara Ferraz e Meire Pedroso. Os músicos eram Paulo Souza e Paulo Sérgio, que também desempenharam a função de direção musical e Augusto Prócoro foi responsável pela coreografia, cenário e figurino. Curiosamente, Avoar foi a primeira apresentação do Liu no grupo e também a última peça apresentada pelo ator antes de morrer, em 1999.

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Espia aí, Liu Arruda - O Objetivo deste Blog é compartilhar com os profissionais da área e demais curiosos sobre a vida e obra de Elonil Arruda, mais conhecido como Liu Arruda. Por ser nosso produto de Monografia (TCC I) no qual obtivemos depoimentos de pessoas que conviveram diretamente com o nosso objeto de estudo. Cuiabá-MT,2010